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O Segredo Esquecido

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Mensagem por Alexia Sinclair Qua Jun 15, 2011 2:40 pm

♠ Capítulo I ♠ – Eu sou Kyra Bellack.


As gotículas de chuva batiam sobre meu rosto e eu mal as sentia. O céu sobre minha cabeça estava nublado e carregado deixando aquela tarde terrivelmente sombria e aquela fina chuva era só o anúncio de que há pouco tempo o verdadeiro vendaval iria começar. Meus lábios entreabertos deixavam escapar minha respiração rápida que se transformava em uma rápida fumaça esbranquiçada por causa do tempo gélido. Podia sentir cada músculo de minha perna começar a arder por causa daquela corrida desenfreada que me pus para salvar minha vida. Eram raros os momentos em que não estava correndo para sobreviver nesse meu mundo.

O uivo seguido de um rosnado feroz fez com que cada osso de meu corpo vibrasse em temor e adrenalina, meu inimigo estava mais próximo do que eu imaginava. Corri ainda mais por aquele pântano, afinal eu nunca estive em Orlando antes e não sabia qual caminho tomar. Saltei um galho baixo de uma árvore e quando pisei no chão, pude sentir o tremor causado pelas patas pesadas da coisa que me perseguia, estava ainda mais perto! Já podia sentir o odor que ele exalava e causava náuseas por ser a de um morto.

Olhei rapidamente para os lados, já estava completamente perdida, mas talvez se analisasse direito o pântano poderia dizer para onde ir. Esse foi o meu pior erro. A coisa não parou de correr e em um salto gigante passou sobre mim e arrastou sobre a terra girando o corpo. Era algo maior que um cavalo, um lobo ou um coyote, não saberia dizer, mas que possuía enormes caninos. Metade de seu corpo estava estraçalhado, com os músculos e ossos a mostra, possuía apenas um olho por ter metade do crânio exposto. Era o que eu estava chamando de lobo zumbi.

Aquela coisa era apenas uma das aberrações que existe no meu mundo, um mundo em que cada suspiro que se dava poderia correr perigo de morte. Poderia por a culpa em minha mãe, mas isso só me faria mais uma garota revoltada com os parentes e naquele momento a minha maior preocupação era com um cachorro meio morto. Meu sangue pulsava tão rápido naquele momento que podia sentir toda a circulação por meu corpo.

O lobo meio morto latiu como se pudesse soltar trovões de tão potente era o seu timbre. Ele avisou sem nenhum aviso prévio, suas patas quando fincadas na terra cavavam um pequeno buraco tamanha era a força que ele usava na corrida. Eu podia ver em câmera lenta a enorme boca se abrindo expondo cada dente podre que ele possuía, mas que eu não duvidava ser bastante afiado. Antes de ser abocanhada estiquei meus braços e com um grande esforço mental e com a canalização lançada por minhas mãos, segurei a boca do monstro aberta, a centímetros de mim. Era uma habilidade singular, a telecinese, podia ser invisível, mas a energia saia de todo meu corpo para meus braços a soltando sobre a enorme cabeça do lobo. Com um enorme esforço joguei meus braços para o lado fazendo o lobo virar a cabeça de vez e bater contra uma árvore.

Aquilo foi por pouco e me deixou tão ofegante quanto cansada. Não podia gastar tanta energia, mas sabia que também não podia correr mais. Afinal era meu objetivo matar aquilo. Então fiquei sobre o meu joelho, espalmando minha mão sobre a terra úmida e um tanto barrenta do pântano. Da terra lírios começaram a nascer e a desabrochar rapidamente, eu tentava manter a imagem da flor em minha mente, deixando que minha energia novamente vazasse de minha mão espalmada no chão e penetrasse a terra mesmo que fosse imprópria para a flor. Logo quase a área estava quase coberta por lírios. Uma batida forte na lateral do meu corpo me fez praticamente voar sobre o galho de uma árvore, sendo acertada em cheio na minha cintura e eu poderia apostar que havia estalado algumas costelas de mau jeito. O lobo havia se recuperado e esmagava os meus lírios.

Não, eu não estava louca e nem sou louca por conseguir fazer isso. Era um dom recebido da genética de minha mãe. Sou uma semideusa, afinal de contas. Esses lances malucos de deuses, monstros mitológicos e destinos que passavam em desenhos animados e viravam filmes de Hollywood são reais. Eu não sou a protagonista deste enredo que se chama vida de semideus, mas sim apenas algo movido pela sobrevivência, jogada em um lugar onde se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.

O Lobo já estava rapidamente dando a volta para me atacar novamente, mas dessa vez eu tinha um plano de ultima hora na mente. Segurando a minha cintura, como se isso fosse ajudar a me movimentar melhor, me levantei enquanto esperava que o lobo viesse. E quando ele finalmente se aproximou furioso e irracional, meu corpo foi transformando-se em uma fumaça branca e que emitia ao mesmo tempo uma luz azulada. Cada moleca de meu corpo foi envolvida e tão rapidamente quanto a passagem de um milésimo de segundo para o outro, eu desapareci no ar assim como a fumaça. O lobo ficou desorientado, meu corpo começou a se condensar sobre um galho acima dele formando primeiramente a fumaça azul e branca. Havia me teletransportado. Era outro truque que eu sabia fazer graças à outra deusa. Ergui minha mão em direção ao meu “jardim” de lírios e as pétalas das flores começaram a reluzir como um brilho metálico, elas haviam se transformado em lâminas. Em um movimento de mão, as pétalas começaram a voar furiosas e atacaram o lobo o cortando todo.

Fiz aquela fúria cessar e o lobo quase caiu ao chão. Fiquei em pé sobre o galho e de meu braço retirei o meu bracelete e não pude admirar daquela vez a transformação do acessório em uma linda corrente prata e dourada. Saltei do galho caindo bem sobre o lobo, usando o meu poder mental as correntes se enrolaram no pescoço do animal e o apertaram como em um abraço de cobra. O lobo zumbi não resistiu por muito tempo e transformou-se em pó fétido me fazendo cair no chão. Era assim que os monstros encontravam seu fim momentâneo. Fiquei caída no chão meio ensangüentado, meio cheio de barro sem me importar, apenas respirando. Estava viva.

-Kyra! Kyra! – podia escutar uma voz masculina pela floresta – Cadê você?!

-Aqui – murmurei e revirei os olhos falando mais alto – Estou aqui!

O som de um trotar de cascos veio do pântano, eu sabia quem era. Jack Wood apareceu no meu campo de visão, um garoto que poderia aparentar ter apenas 16 anos, de pele bronzeada e um porte de corpo forte... Mas com pernas de bode e pequenos chifres na cabeça. Ele era um sátiro.

-Você acabou com a fera sozinha?! – Jack exclamou surpreso.

-Não tive escolha. Ajude-me levantar, minhas pernas estão bambas – Pedi e logo gemi de dor, sentindo até minha alma gritar.

Jack logo se aproximou e passou um braço meu pelo ombro, me erguendo logo depois. Minhas pernas vacilaram rapidamente, mas logo as firmei no chão. Meu corpo estava praticamente marrom de sujo, não queria nem olhar o meu cabelo, mal se podia ver minha roupa negra. Comecei a andar, mesmo sentindo dor.

-Nunca mais aceito um pedido de Lucius – murmurei um tanto zangada – Aquele filho de Athena maldito faz suas criações loucas e eu que limpo sua bagunça.

Tudo havia começado com uma ligação de um amigo meu do acampamento. Ele já era maior de idade e até trabalhava, vivendo sua vida “humana” fazendo faculdade de genética. Lucius era filho de Athena, um dos mais inteligentes que eu já vi e que adorava brincar de combinar coisas. Aquele lobo zumbi era um de seus maiores erros apesar dele ter acertado ao mesmo tempo, afinal deu vida a um animal morto só que sem consciência e destruidor. Eu não tinha conseguido negar o pedido de meu primeiro amigo, o primeiro que fiz sendo igual a mim, um meio-sangue.

-Filhos de Ares, Hefesto... Todos caíram perante essa fera, mas você Kyra Bellack... – comentou o sátiro enquanto me levava para fora do pântano.

-Eu sou filha de Perséfone, mas vou contar-lhe um segredo já que está praticamente me salvando aqui – levei meus lábios para perto da orelha pontiaguda de Jack e completei em um murmúrio – Também sou abençoada por Psiquê, sou uma mentalista.

O sátiro arregalou seus olhos castanhos e me olhou como se fosse uma raridade. E o era quando visto por alguns ângulos. Minha mãe era o motivo de ter essa vida cheia de perigos a cada esquina, seu DNA de divindade passou para mim e era completamente ativado, podia fazer coisas que nem mesmo eu sei direito. Mas muito mais do que isso, eu era uma das pupilas de Psiquê, a deusa da alma, e isso incrementava um pouco o meu leque de truques impossíveis de se fazer.

Semideuses existiram por todo o curso da história da humanidade. Os deuses tinham certas paixões por humanos e isso sempre resultava em um novo meio-sangue no mundo. Ser filha da rainha do submundo e deusa da primavera era um complexo que eu também não entendia por vezes. Isso me colocava em problemas em dobro mesmo sem conhecer ao certo minha mãe. Ter a mente aberta sempre piorava as coisas, pois se passava a enxergar coisas que outrora foram obscuras a você e nem sempre a verdade era a coisa mais segura.

-Vamos para a casa do Lucius – pedi e gemi um pouco, segurando minha cintura novamente – Preciso urgente de... De... Um... Banho...

Minha voz foi sumindo ao passo em que eu desmaiava. A batalha havia começado muito antes e eu já tinha gasto muita energia. Nada vinha de graça, sempre tinha um preço a pagar. Sabia que iria acordar apenas quando meu corpo voltasse ao normal, já havia acontecido antes. Porém, foi assim que eu tive o primeiro pesadelo que iria mudar toda a minha vida e dará inicio a uma das maiores aventuras que já pude ouvir.
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Mensagem por Alexia Sinclair Qua Jun 15, 2011 5:18 pm

♠ Capítulo II ♠ – Pesadelo.


O sonho começou com uma lembrança. Estava em minha cidade natal, Chicago, era inverno e o parque onde costumava brincar quando estava sozinho estava coberto por uma neve bem branca. O silêncio da noite sempre me reconfortava quando era pequena, era um dos raros momentos em que não precisava ficar escutando as outras crianças dizendo que eu era estranha e que fui abandonada por minha mãe.

O parque estava como eu gostava e eu podia dizer que aquele sonho era bom, tranqüilo, mas então um casal apareceu e eu de repente estava em meu corpo pequenino, de bochechas levemente rosadas por causa do frio e muito menor, estava como era quando tinha 8 anos. Intimidada com a presença dos namorados, sem querer incomodá-los para que eles não me olhassem feio, me escondi atrás de um banco de madeira e fiquei fazendo uma estratégia para fugir. Mas antes que pudesse pensar em algo, um vulto grande começou a sair das sombras.

Ele não possuía forma, mas dava para perceber que estava usando uma enorme capa negra que envolvia todo o corpo dele. A cada pisada que aquele vulto dava em direção do casal que se beijava distraidamente, era como se ficasse ainda mais frio. Eu saí do meu esconderijo para tentar avisar o casal, mas assim que abri minha boca me descobri sem voz. Entrei em desespero, tentando gritar cada vez mais alto enquanto o vulto se aproximava do casal e retirava uma longa lâmina de sua capa. Tentei correr em direção a ele e o impedir, mas assim que dei um passo a visão do sonho mudou completamente.

Agora eu era o vulto. Podia ver tudo em preto no branco, uma escala cinza sem vida. O desespero também vinha de dentro dele, mas era desespero por sangue, pela vida do casal. A cada passo que dava em direção a eles era como se a esperança aumentasse. O rapaz havia escutado finalmente os meus passos, os passos do vulto negro, ele virou e saltou assustado, trêmulo de medo com o que via. Segurou o braço da garota e tentou correr, mas meu braço foi mais rápido e esticou a lâmina fazendo acertar o peito do garoto. Não o matou, mas o fez cair no chão e derramar sobre a neve tão branca aquele líquido vermelho que tanto me fascinava agora.

A garota gritou em puro terror, mas novamente meus braços se moveram sem que eu pudesse impedir, eu tentava de todas as formas fugir, dar a meia volta e sair correndo. Mas aquela necessidade do vulto era maior do que eu, era como se fosse um instinto tão poderoso que era necessário tanto quanto o ar. O vulto agarrou a garota e mordeu-lhe o pescoço vorazmente, corroendo toda a pele macia e deixando o sangue escorrer para minha boca e garganta. O alívio que senti foi tanto que todo o corpo estremeceu, era uma força tão poderosa, mas que produzia um calor vívido dentro do peito. Foi então que parou de ser apenas sangue. Um filete azul pálido passou a adentrar dentro de minha boca, e assustada soube que era a alma da garota. Quanto mais bebia de sua alma, mais poderosa ficava, o júbilo era triplicado. Nunca me senti tão viva assim como nunca me senti tão enjoada e com o verdadeiro medo.

O corpo feminino caiu ao chão flácido, sem força nenhuma ou cor no rosto. Não havia mais nenhum brilho no olhar agora petrificado. Era apenas um corpo vazio sem alma. O vulto virou-se feliz para o homem que ainda estava caído no chão, a volta do corpo um vermelho vívido se destacava na neve parecendo enfeitar a refeição. Quando o vulto desceu para atacar o homem, quando finalmente ia ocorrer a mordida, finalmente acordei.

Em um sobressalto na cama, senti meu corpo molhado de suor, estava tão ofegante que mal conseguia respirar direito. Podia escutar o meu coração batendo no peito tamanho fora o meu desespero ao matar aquela mulher. Olhei ao redor um tanto assustada, onde estava? Era um quarto pequeno com apenas uma cama de solteiro, onde estava sentada, um guarda roupa e uma mesa de escritório. Pus as mãos sobre os olhos e os pressionei um pouco, me forçando a lembrar o que aconteceu.

Lucius e o telefonema. Lobo zumbi. Desmaio no pântano. Provavelmente era um lugar em que Jack havia me trazido. Aquilo fora apenas um pesadelo, um pesadelo tão vívido que ainda podia sentir o gosto do sangue misturado com o da alma, e não iria tentar explicar esse sabor ou iria ficar louca novamente. Deixei minhas costas tombarem na cama, voltando a deitar. Estava exausta ainda e minhas costelas ainda doíam. Estava no escuro e ainda não havia me curado totalmente, apesar disso ser natural para mim, já que era filha de uma deusa do inferno, o escuro costumava me deixar bem. O pesadelo havia me acordado em meio a cura.
Eu não iria ficar parada novamente, não queria adormecer. Desde cedo havia aprendido que os sonhos de um filho de um deus era algo parecido a premonição, e isso me assustava terrivelmente nesse momento. Pus-me de pé e me encontrei limpa e com um short de algodão preto e uma blusa branca cheia de borboletas. Não queria pensar como fui parar naquelas roupas ridículas ou alguém iria morrer.

Saí do quarto e me deparei com um corredor onde havia alguns quadros de pessoas importantes na história e que supostamente deveriam ser filhos de Athena. Com certeza era a casa de Lucius. Sai andando pelo corredor indo parar em uma sala onde estava Jack e Lucius assistindo a um jogo de baseball. Lucius era um homem alto e um tanto magro, de cabelos loiros que iam até a nuca, era bonito ao seu modo.

-Quanto tempo estive apagada? – perguntei anunciando a minha presença.

-Já acordou? – Lucius ficou surpreso e levantou-se – Apenas duas horas. Pensei que levaria mais tempo dormindo, isso deveria ajudar o processo de cura.

-Bem, não ajudou, estou bem acordada – reclamei um pouco de mau humor, aquele pesadelo ainda estava me abalando – Poderia ver para mim as passagens de volta para Chicago?

-Já resolvi isso, irá partir amanhã logo pela manhã e Kyra... Obrigado por resolver o meu problema – Lucius informou e fez uma reverência pequena com um sorriso irônico.

Se estivesse calçada, teria jogado meu calçado na cabeça dele. Ele sempre brincara comigo por causa do fato de ser filha de uma rainha, mesmo que essa rainha fosse a do submundo e eu fosse filha bastarda. Olhei ao redor procurando algo para me distrair, mas aquela casa só tinha equipamentos de Lucius e isso nada me atraia.

-Onde acho minhas roupas? – perguntei e olhei ameaçadoramente para os dois para que não comentasse nada.

-Na lavanderia, na máquina de secar, creio que já estejam prontas – Jack que respondeu.

Dei as costas para os dois que logo voltaram a se concentrar no jogo, pois logo escutei exclamações vindas da sala. Chegando à lavanderia peguei minha calça jeans escura e com alguns rasgos no joelho, de tanto cair no chão, minha blusa preta justa e minhas botas. Estava tudo muito bem limpo, talvez Lucius quisesse se redimir por não poder ter feito nada. Vestida, saí pela portas do fundo e cheguei as ruas de Orlando. Precisava urgentemente apagar da lembrança aquele sonho, eu sentia em todo o meu ser que era algo perigoso para se manter.

Caminhei sem olhar para as pessoas, apesar de que sabia que uns ou outros davam uma olhada para mim. Eu não era muito alta, da ultima vez que soube tinha um metro e setenta de altura, meu corpo estava em forma, uma das vantagens de viver sempre em perigo era que exercitar o corpo era algo fundamental. Meu cabelo era castanho claro, a depender da luminosidade poderia até ser confundido com o loiro escuro, meus olhos eram castanho esverdeado que parecia ter personalidade, pois mudavam de um tom para o outro sem que eu percebesse. Era filha da deusa que provocava em Afrodite inveja, tinha a benção da humana que causou da deusa da beleza também ciúmes. Ser bela para mim era algo tão natural quanto superficial. Isso não era algo que eu me importava.

-Aceita uma flor?

A pergunta feita por uma mulher quase me assustou de tão distraída que eu estava. Ela usava uma capa com capuz que cobria grande parte de seu rosto, mas sua coluna um pouco corcunda e a mão enrugada demonstravam ser uma senhora de idade. Olhei para a rosa e me surpreendi por ver um lírio, minha flor predileta. Sorri gentil e ergui minha mão para pegar a flor, a senhora de repente agarrou o meu pulso e uma energia estranha percorreu meu corpo e me fez querer empurrá-la.

-É você que viu o assassino – ela murmurou um tanto surpresa e aliviada – finalmente encontrei-te.

-Solte-me! – exigi – Ou sofrerá as conseqüências!

-Isso é jeito de falar com sua avó?

Dessa vez quem ficou surpresa fui eu. Minha mente viajou para as fotos que meu pai tinha de minha avó paterna, uma doce senhora de cabelos brancos que morreu de leucemia. A senhora por fim soltou o meu pulso e eu dei passos para trás me arrependendo amargamente de não ter trago nenhuma arma. Um descuido que poderia se tornar fatal. Entretanto, a desconhecida levou suas mãos enrugadas para o capuz e o abaixou, mostrando uma mulher madura, de cabelos castanhos vívidos e olhos de cor verde que me lembrou a grama mais verde em um campo. Olhei para a mão dela e esta estava nova, com a pele alva parecendo ser bem macia.

-D-deméter? – murmurei completamente confusa.

Não havia me encontrado com muitos deuses, Perséfone, minha própria mãe havia visto apenas de relance no submundo, junto a meu padrasto Hades. Deméter fez uma cara de tédio perante a minha descoberta. Aquela era a minha avó. Aquela mulher linda era a minha avó. A deusa da agricultura era a minha avó. Minha mente ficou tão confusa que meus pensamentos chegavam a ser tolos.

-Venha, vamos tomar um bom chá enquanto falo com você – Deméter não pediu, ordenou.

-Comigo? Eu não fiz nada errado – disse na defensiva.

-Não, não é nada disso, mas o que irá fazer irá mudar o curso da história – Deméter respondeu mais séria.

Meu coração palpitou. O meu sonho, ou melhor, pesadelo, voltou para a minha memória tão claramente que me causou arrepios sombrios pela espinha. Segui a deusa um tanto hesitante, sabia que iria me meter na maior encrenca da minha vida.
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Mensagem por Aragorn Eldamon Qua Jun 15, 2011 9:41 pm

WOAAAAA *ooooooooo*

Aaaaaa, eu não tenho palavras pra comentar essa Fic, está simplesmente divina.
Levei um susto ao ver o "dementador", mas achei muito interessante o clima de mistério.
Eu adorei muuuuuuuuito, amei mesmo. Parabéns.
Xonei por essa Fic e espero que você não a deixe parada. u_u
Imagino como deve dá trabalho pensar em tudo isso, pois tá muito bem "costurada".
Amei mesmo, mais uma vez obrigado por você existir deli, te amu! -Q
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Mensagem por Arya Eldamon Qua Jun 15, 2011 11:46 pm

TÁ PERFECT. *-------------*
AMEI CADA PARAGRAFO, CADA LINHA. *O*
NÃO PARA OU SEOFRERÁ AS CONSEQUÊNCIAS, PIRIGA DA ARYA. <33'
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Mensagem por Alexia Sinclair Qui Jun 16, 2011 12:02 am

♠Capítulo III♠ – Uma história antiga

O Ocean Coffey ficava apenas a uma quadra depois de onde eu havia encontrado o ser mais inusitado de toda minha vida. Eu não teria ficado tão surpresa se uma fúria aparecesse ou qualquer outro estranho monstro. Mas lá estava eu, sentada encolhida em uma cadeira de madeira com estofado, a minha frente uma legítima deusa. Que aliás, por mais que já tenha pensado isso, era a minha avó.

-Relaxe, Kyra, irei apenas conversar com você – Deméter falou em tom suave.

-Tenho impressão de que não vou gostar dessa conversa, com todo o perdão – comentei em um fio de voz.

-Não, provável que não. Mas muita coisa depende dessa conversa e de que você aceite.

-Já disse isso...

-Então aproveite o chá enquanto eu explico a situação, preste atenção pois não tenho tempo para repetição e a fala será um tanto longa, pois contar-lhe-ei uma história.

O garçom tinha vindo a mesa alguns minutos antes e sabiamente minha avó Deméter pediu chás de camomila para relaxar os nervos. Eu já começava a especular em minha mente o motivo da conversa, desde invasão alien ao apocalipse. Ela ficou me olhando séria e isso me incomodou um pouco, pois eu nunca entraria na mente da deusa para descobrir o que ela estava pensando, não com a guarda tão baixa e sem poder me defender de alguma maneira. As relações familiares divinas eram um tanto tensas e nunca se sabia o que esperar. O chá finalmente chegou e ela bebericou um pouco e pós a xícara sobre a pires com elegância, respirou fundo e começou a falar.

-Deves ter conhecimento sobre a história de minha linda Coré e aquele diabólico lord do submundo. Este a seqüestrou descaradamente com a ajuda do pai de minha filha, o todo poderoso e metido senhor dos raios – começou Deméter não citando os nomes propriamente dito, era algo perigoso e que poderia repercutir de uma forma nada agradável – Com alguns informantes obtive o paradeiro de minha filha e fiz de tudo para tê-la de volta. Essa é a história clássica contada.

-Então há uma versão verdadeira? – deduzi atenta as palavras.

-Outra interpretação que interfere no fluxo da história, sim – admitiu Deméter suspirando, passando a olhar vagamente para a xícara – A grande questão que não é levado em conta é o tempo que se passou a seqüência desses fatos. Há uma grande diferença por esse ponto de vista, notei muito tarde o sumiço de minha filha já que ela era uma jovem que gostava de se aventurar pelos jardins do mundo.

Endireitei minhas costas e dei um grande gole no chá, queimando um pouco a língua mas não ligando muito. Estava totalmente concentrada nessa história agora, pois o que parecia Deméter iria fazer uma revelação desconhecida a grande maioria. Provavelmente dados que só eram passados a pessoas especiais. Já que eu era a própria filha de Perséfone e me achava conhecedora da história de minha mãe, estava surpresa.

-Revivendo a história... O que eu quero contar-lhe é sobre a época em que descobri que minha filha se fora e como reagir a isso, não de forma tão gloriosa quanto se pensa, já que levei um século a ir realmente atrás de minha filha. Havia algo a ser feito antes. Algo que irá influenciar os tempos atuais.

Eu estava tentando me encontrar no tempo. Pelo que eu sabia a história da união de Perséfone com Hades era quase tão velha quanto à própria Grécia antiga. Um século não devia ser nada para um deus, mas um século poderia ser demais para uma filha. Assim como 17 longos anos estavam sendo para mim.

-Eu senti a perda de minha filha de forma... Inexplicável. Se para vocês humanos os sentimentos são algo intenso, para nós deuses isto é quase fatal em certos momentos, podendo gerar grandes guerras, como assim já o aconteceu. Vaguei pelo mundo e minha aparência refletia o meu estado, mal passava de uma velha verruguenta e rabugenta. Até que me deparei com uma criança a brincar em um campo, atrás de uma borboleta e com a inocência a rodear todo o seu corpo pequeno. Encantei-me, admito, e tornei-me a sua protetora, disfarçando-me de sua instrutora. Ele era um pequeno príncipe de um reino pequeno na Grécia, Elêusis.

-Você se tornou uma babá?! – exclamei surpresa.

-Não me interrompa! Eu disse instrutora, não me compare a essas jovens tolas! – Deméter irritou-se um pouco e bebeu um pouco do chá para relaxar, voltando logo depois para a sua história – Com o tempo integral na vida desse jovem, eu o alimentei com ambrósia e néctar na medida certa. Eu o queria imortal, queria aquela inocência resguardada para toda a eternidade. Concentrei-me naquele garoto com afinco, esperando paciente pelo momento certo de transformá-lo em um imortal. Porém no momento em que o rito estava para ser finalizado, a progenitora dele, a rainha, interrompeu quando viu seu filho indo para as chamas. O encanto foi desfeito.

-Voltou a fazê-lo depois? – perguntei curiosa.

-Há limites para as ações de um deus, a interferência espacial e dimensional, assim como o equilíbrio que deve ser mantido... Não podemos fazer tudo o que queremos ou haverá apenas o caos. Retornar a imortalidade do garoto era uma transgressão, um abuso que não poderia cometer – Deméter explicou calmamente – Ele se chamava Demofonte e cresceu e viveu como nenhum outro humano em sua época. Para trazer o equilíbrio novamente, revelei-me como a deusa Deméter e ordenei a construção de um templo para que eu pudesse dar a minha sabedoria para os meus seguidores. Só assim Demofonte poderia viver sem ser sacrificado para que o equilíbrio continuasse. O meu primeiro seguidor fora Triptólemo, o meu melhor e mais forte seguidor.

Minha mente dava voltas e mais voltas, imaginando toda a história que Deméter contava. Todo o carinho que ela deve ter sentido pela criança e o terror quando dera errado o seu plano. Havia esquecido completamente o chá, envolvendo-me na história contada.

-Agora irei diretamente ao momento chave. Nesta geração, neste exato momento há um homem que é herdeiro de Demofonte e de Triptólemo, as famílias se uniram milênios atrás. Porém esse garoto tem a genética perfeita, as habilidades de um quase imortal e os dons do seguidor mais poderoso. Entretanto isso ainda não está desperto nele ainda, é apenas um humano qualquer vivendo sua juventude – continuo Deméter ficando mais séria.

-Onde me encaixo nessa história? – perguntei começando a ficar preocupada com minha situação.

-Ele corre um grande risco. Aquilo com que você sonhou está atrás dele por causa de sua situação de descendente perfeito. Seu sangue é o mais valioso entre os humanos. Não sei o porquê, não entendo. Mas não posso deixar que a essência de Demofonte e Triptólemo seja apagada, não quando está tão perfeita. Você é a única semideusa que conseguiu ver aquele ser, mesmo que em sonhos, você é a única que pode protegê-lo.

A lembrança daquele ser fez meu corpo tremer involuntariamente. O horror da mulher parecia invadir a minha mente junto com aquele gosto nojento de sangue, mesmo que nunca houvesse provado esse líquido viscoso, minha mente conseguia produzir perfeitamente nesse momento a sensação que tivera no sonho.

-E se eu recusar? – tentei com uma leve esperança no peito.

-Terá de conviver com uma deusa enfurecida e deve saber pela própria história que quando finalmente me revoltei... Fui insistente até Zeus ficar com os cabelos brancos.

-Então não tenho escolha – revirei os olhos – Não quero perder meus cabelos para a cor branca. Então... Quem é ele e onde o encontro? Não posso simplesmente corre atrás de enxames de DNA e buscar por um mitológico.

-Providenciarei tudo, não se preocupe, só precisa saber que o nome do garoto é Damon Cavallari. Quando retornar a casa, saberá o que fazer.

Deméter parecia aliviada com a minha falta de resposta e levando isso como uma afirmação, já que eu não falei que eu aceitava. Mas que escolha eu tinha? Ela era uma deusa e que sabia transformar a vida de alguém no inferno ou senão em uma espiga de milho. Não servia para ficar plantada em algum canto. A deusa pegou um guardanapo, o dobrou e quando o desdobrou transformou-se em uma nota de vinte dólares, piscou para mim e antes que eu pudesse fazer algo ou formular qualquer palavra, ela sumiu a minha frente. Sim, simplesmente desapareceu.

Uma coisa parecia certa. Aquele ser que apareceu em meu pesadelo de alguma forma era o meu inimigo e queria o garoto de ouro de Deméter. Levantei-me deixando a nota de 20 sobre a mesa como o pagamento e a gorjeta. Voltei para casa sem pressa já que sabia que de lá eu iria para uma nova aventura não de forma tão voluntária quanto eu queria. Assim que fiquei de frente a porta da casa de Lucius, havia um bilhete avisando: Saímos para comprar Pizza.

Entrando na casa, meu queixo caiu. Na sala estava espalhado todas as minhas malas, corri para abrir uma e encontrei exatamente as minhas roupas que deveriam estar em Chicago. Sobre a mesa de centro havia um envelope pardo um tanto grande, fui até lá e quando o abri encontrei meus documentos, uma carta de transferência para uma escola, chaves de uma casa junto com o papel legalizado da propriedade. Deméter havia trago todas as minhas coisas e eu demorei um pouco para entender o que estava acontecendo. E um cartão de crédito internacional de cor preta com traços pratas com o meu nome além de uma passagem só de ida para Miami para daqui à três horas.

Eu estava de mudança. Iria para uma nova escola. Em Miami. No que diabos eu havia me metido?!


OBS: A história de Demofonte busquei em um artigo científico pelo google acadêmico, infelizmente não lembrei de salvar o link, mas a história sobre o quase-imortal assim como o templo de Deméter não é criação minha.
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Mensagem por Aragorn Eldamon Qui Jun 16, 2011 12:12 am

Eita, interessante. Gostei da introdução do enredo de forma clara e objetiva. Posta mais *o*
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Mensagem por Alexia Sinclair Dom Jun 19, 2011 7:37 pm

Capítulo IVMcGold High School.

A casa que Deméter havia escolhido ficava a dois quarteirões apenas da escola. Era uma casa pequena, sem andar, de tons variados de verde por fora e com um belo jardim na varanda. Por dentro era bem completa e atual, com tudo de ponta. Eu com certeza poderia conviver com isso e com um cartão de crédito que descobrir não ter limite. O problema todo era que Miami SEMPRE fazia calor, tão diferente de minha Chicago. E sabe a escola que iria freqüentar meu ultimo ano? Era a McGold High School. Uma das mais conceituadas no Estado!

Nunca fui muito rica, então teoricamente estava entrando na escola como bolsista. Sim Deméter ao menos pensava em tudo. O problema era que ela não tinha noção do que era entrar em uma escola de gente rica, preferia enfrentar telquines a ter de lidar com mauricinhos e patricinhas. Eu não saberia como agir, nunca me dei bem em uma escola... Imagine uma que o piso do banheiro custasse toda a minha antiga mesada? Sim, eu estava um tanto nervosa com isso. Sem contar que ali dentro era um formigueiro de gente jovem, onde eu encontraria o Damon?

Havia me mudado apenas a um dia, para apenas descobrir que minha aula começava no dia seguinte. Tinha ligado para meu pai e de alguma forma que com certeza tinha interferência da deusa, ele permitiu aquela loucura. Ele não era um pai ruim ou coisa parecida, era um botânico que se dava bem com as plantas e flores do que com as pessoas. E isso o deixava meio anti-social e uma educação para mim do tipo: vire-se ou irá ficar igual ao seu pai. Teoricamente, pelas coisas que eu podia fazer, eu era muito pior que ele.

Minhas roupas de nada serviam para o clima quente daquela cidade litorânea, restando apenas para mim à opção de ir as compras. E foi meio que vingativo comprar muitas coisas, numa tentativa de fazer pesar o bolso de Deméter. Mas de que faria diferença alguns dólares quando a deusa tinha ouro e jóias preciosas? Bom, isso não importava, apenas que meu estado de espírito havia relaxado um pouco com isso.

O dia havia passado tão rápido que quando o despertador soou, eu saltei da cama assustada e perdida no tempo e espaço. Sempre era assim quando eu acordava. Comecei a me arrumar rapidamente, a ansiedade estava afetando cada nervo meu. Não passei muito tempo na escola, tinha na maioria das vezes aulas em casa para evitar problemas, ou ao menos tentar. Preparei duas torradas e ajeitei minha mochila, em dúvida se deveria levar mais armas do que os livros. Por fim meu precioso bracelete estava no braço, ele tinha um desenho singular e belo de uma borboleta, representando a deusa Psiquê, dentro da minha mochila um galho do inferno. Isso daria para sobreviver ao primeiro dia de aula. Ao menos era o que eu queria acreditar ser possível.

Saí de casa usando um vestido lilás com a saia um tanto solta e com as alças caídas nos ombros. No meu pescoço havia uma corrente prateada e dentro do meu vestido estava o rosário que estava preso no colar. Meus cabelos iam soltos, odiava prendê-los, a não ser quando eu estava em uma luta realmente séria. Eram apenas dois quarteirões, eu não precisava de nenhum veículo para chegar lá. O tamanho do prédio não me intimidou, mas sim a quantidade de pessoas que entravam e saiam.

A garagem estava lotada de carros esportivos e que deviam custar milhões. De dentro deles e de todos os lugares saiam pessoas usando Gucci, Prada e outras marcas de grife. Penteados perfeitos, sorrisos perfeitos. Aquelas pessoas pareciam tão piores de se conviver do que com monstros. Eu estava entrando no mundo da Barbie e do Ken. Não falei ou olhei diretamente para alguém, minha meta era simples, a secretaria pegar meu horário.

A McGold é enorme, como eu já disse, um prédio largo que devia ter cinco andares apenas, mas que ocupava uma área enorme. Tinha vários outros prédios menores ao redor do principal, como se formassem um circulo, eram os laboratórios de substâncias mais perigosas com risco de explosão, biblioteca, auditório e assim por diante. Só para deixar registrado, lá dentro havia elevadores para se chegar aos lugares, vários elevadores para caber tanto aluno. Alguns preferiam ir de escada e foi por onde eu fui.

A secretária era uma mulher baixa e de idade avançada, mas com uma elegância das burguesas inglesas. Ela havia me oferecido um papel para assinalar as aulas extras que por ventura eu quisesse fazer. Arte, música, teatro, alguma equipe esportiva... Sentada no sofá eu encarava cada item confusa. Eu teria de escolher todos os horários que Damon estava, era o melhor para poder vigiá-lo de perto e descobrir mais coisas. Mas eu nem sabia como ele era! Foi então que os quadradinhos começaram a se preencher sozinhos. Primeiro pensei que era uma mancha, mas depois a sequência começou a ficar bem definida e no final uma letra D apareceu e sumiu como mágica. Deméter.

Se eu estava achando essa história absurda, era porque eu nem sabia que só estava começando. Ao que parecia eu iria fazer aula de italiano, reforço em história e entrar para o grupo de teatro. Nunca fui a uma peça ou consegui assistir a um filme inteiro. Como iria conseguir encenar? Na verdade, como foi que eu vim parar aqui mesmo? Respirei fundo e me levantei, deixei o papel sobre o balcão e a secretária o pegou.

-Ora senhorita, tem certeza que queres tentar entrar no grupo de teatro? É um dos grupos mais investidos do colégio, os musicais abrem espaço para os artistas de amanhã – ela falou descrente.

A olhei diretamente nos olhos. Havia duas coisas que me deixavam séria, uma batalha de vida ou morte ou uma um desafio feito quando não acreditam em mim. Já havia me metido em encrenca por causa disso, admito, mas dessa vez estava sendo encarada por uma burguesinha inglesa que me olhava como uma pobre bolsista.

-Meus horários – pedi em um tom frio e educado ao mesmo tempo – Por favor.

Ela retribuiu o olhar um tanto séria e depois entregou o meu papel. Eu não podia esquecer minha situação ali e de que ainda vivia no mundo humano que atacava por trás, tão mais traiçoeiro que o mundo dos monstros. Pondo minha bolsa nas costas segui caminhando enquanto tentava ler o que ali estava escrito. Eu não era hiperativa, mas as letras ainda se enrolavam em si próprias e só depois de um esforço eu poderia ler algo. Como então eu iria conseguir ler um texto no teatro?

Depois de conseguir descobrir onde ficava o meu armário, o abri com a mente distante e com pensamentos tolos como se um dia ficaria senil por viver em dois mundos ao mesmo tempo. Talvez essa fosse a maior dúvida daqueles iguais a mim... Escutei um murmurinho, as pessoas ao meu redor pareciam se agitar e quando virei a cabeça para o lado pude ver as líderes de torcida entrando no corredor. As pessoas pareciam sair para o lado, se jogar em um canto, tudo para não ficar na frente delas. Eram um grupo de seis garotas bonitas, corpo perfeitinho em uniformes extra-curtos laranja e vermelho. Estava achando aquilo tão bobo que havia ficado no lugar.

-Parece que temos uma novata – falou uma morena.

-Uma nova bolsista? Esse colégio está decaindo tanto! – reclamou outra que parecia fazer bronzeamento artificial.

-Vamos ensinar as regras para ela...

-Espere!

A garota que havia mandado parar parecia ser a líder. A olhei diretamente nos olhos azuis, era uma típica garota branquela, loira e dos olhos claros. Mas havia algo nela, um tipo de atração que exalava de todo o seu corpo. Não tive dúvidas que era uma filha de Afrodite assim como não duvidava que ela soubesse quem era eu. Não gostava de filhas de Afrodite tão naturalmente como elas não gostavam de mim. Nossas mães eram inimigas declaradas e sogra de Psiquê.

-Estou realmente surpresa que você tenha passado no teste da McGold – ela falou com desdém na voz.

-Ficaria surpresa com muita coisa – respondi virando para o meu armário o abrindo por fim.

-Ela deu as costas para Elizabeth! – uma garota murmurou.

-Não sei o que você quer aqui, mas...

-Também posso estudar e ter uma vida, sabia? – a cortei ainda fria, guardando os livros desnecessários e depois a olhei pelo canto do olho – Quer mesmo perder tempo em uma discussão que está chamando a atenção de todos? Ou será que quer apelar para qualquer tipo de atenção?

-Conversaremos depois, princesinha intocável – ela murmurou como se pudesse cuspir veneno.

Fechei o armário e olhei para a garota. Elizabeth pelo visto. Em uma rápida olhada podia ver todas as outras garotas tensas. Filhas de Afrodite podem exalar uma aura de atração, mas filhas de Perséfone exalavam uma aura de perigo ao estilo garota fatal. Ajeitei minha mochila e marchei para minha primeira aula de biologia. Uma filha de Afrodite para infernizar minha vida era só a pitada que eu precisava para terminar meu dia como um quase desastre. Quase porque eu ainda não encontrei Damon Cavalleri.

Assim que eu entrei na sala escutei um murmuro de: “É ela, a princesa intocável”. Ergui uma sobrancelha enquanto andava para uma carteira vaga. Sentei e as pessoas conversaram mais animadas e novamente elas se silenciaram quando a porta se abriu. Dessa vez o que eu escutei foi suspiros enquanto um garoto entrava no lugar. Ele era alto, ombros largos, um pouco pálido. Os olhos eram de um azul tão claro que parecia anormal, o cabelo negro um pouco bagunçado tinha alguns fios caindo sobre a testa. Ele sem dúvida alguma era lindo.

-É o Damon... ahhh o Damon – algumas garotas sussurraram ao meu lado.

Só podia ser brincadeira. Fiquei batendo os dedos na carteira para disfarçar enquanto liberava a minha mente para permitir a invasão de pensamentos. Respirei fundo e deixei os múrmuros apaixonados entrarem em minha mente, algo como: “Ele é o garoto mais lindo do mundo”. Ou ainda “Eu quero esse garoto para mim”. Ou pior... “Ele deve ser muito bom de cama!”. Revirei os olhos e me concentrei nas pessoas que podiam pensar em algo de útil, descartando as garotas tolas apaixonadas e secretamente fogosas. Então escutei um garoto pensar: “O grande filhinho de papai maldito, só porque é o queridinho do teatro pensa que tem o mundo aos seus pés”. Outro ainda parecia acrescentar “Aposto que ele vai ganhar mais uma proposta de gravar algum musical, a mídia esse ano está atenta a ele”. E o meu pior medo veio em um pensamento de uma garota “Esse garoto metido que pensa que tem o mundo aos seus pés, só porque tem uma carinha bonitinha e dinheiro, quem ele pensa que é para ser superior aos outros? Não passa de um mesquinho”.

Obrigado Deméter, por me por como babá que nem você foi. Voltei a fechar a minha mente e passei a escutar meus próprios pensamentos. A telepatia era algo que demorei bastante para aprender a controlar, as vezes fugia ao controle, mas de inicio parecia o inferno na minha cabeça. Soube que alguns mentalistas se suicidaram por não conseguir controlar as vozes. Levei alguns segundos para entender porque as cabeças estavam viradas para mim, ou melhor, para Damon que se sentara bem a minha frente. Eu não iria ficar perto dele, peguei minhas coisas e pulei duas cadeiras atrás e sentei. Isso chamou a atenção do garoto Damon, que me olhou pela primeira vez e pareceu surpreso, retribui o olhar de um jeito frio.

Odiava aquele tipo de gente. Odiava aqueles humanos mimados que pensavam que o mundo estava aos seus pés sem saber que esse mundo era todo dia salvo por pessoas que nem eu. Homens como ele se achavam o máximo quando passavam de nada perto da verdadeira realidade. Deméter havia me dado ele para cuidar, mas não falara nada de gostar dele. O professor de biologia entrou na sala chamando a atenção de todos.

-Vamos começar a aula.
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Mensagem por Luana Dashwood Dom Jun 19, 2011 7:52 pm

Caramba, é um post maior que o outro e cada vez que isso acontece,me surpreendendo mais com a maneira que de como você narra a estória. Incrível!
Anciosa pela continuação (;
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Mensagem por Alexia Sinclair Sex Ago 05, 2011 12:50 pm

Capítulo V Grande Teste de Teatro.

Passei os outros três dias seguintes me perguntando como sobreviver e colhendo informações sobre o Damon. Deméter era uma deusa estrategista, pois a minha casa ficava enfrente a uma república que por ventura, era a mesma que a do Cavallari. Minha vida nos próximos dias teria de ser dedicada inteiramente a um garoto metido. Estava pensando se o tártaro seria tão torturante quanto estava sendo a minha vida agora.

Quando a quinta-feira chegou, estava ansiosa para outra coisa. Era o primeiro teste do teatro. Claro que muitos tinham se inscrito naquele grupo, já que era o mais investido na escola, portanto haveria um teste para escolherem os novos melhores integrantes do grupo, já que os do terceiro ano do ano passado já saíram do colégio. Tinha apenas três vagas para cerca de cem pessoas.

O teste seria no auditório principal. Estava tão preocupada em passar para não sofrer as conseqüências que me atrasei um pouco escolhendo uma roupa decente. Por fim estava usando um vestido preto com mangas caídas e detalhes em branco e vermelho, uma sandália de salto baixo que tinha uma fita preta que subia um pouco acima do tornozelo. No meu cabelo castanho fiz uma trança, deixando algumas mechas do meu cabelo na frente soltas.

Pode-se dizer que eu cheguei bem nos últimos segundos, sendo a ultima a me inscrever. O auditório estava cheio de participantes e isso me fez engolir em seco e procurar uma cadeira mais afastada para não chamar muito a atenção. Os primeiros participantes subiram ao palco, cada um tinha recebido um texto literário para interpretar e uma música para cantar. Quando abri o meu panfleto com as instruções as letras impressas se embolaram. O que fazer? Por sorte havia um garoto ao meu lado, usava óculos de grau e tinha o cabelo partido ao meio.

-Hum... hey... – chamei a atenção dele e quando este me olhou eu sorri, achei fofo quando ele corou – Poderia me ajudar? Esqueci meu óculos em casa e não consigo ler direito. Poderia ler para mim?

-Cla-claro – ele gaguejou e limpou a garganta, ainda muito tímido – A sua música é a de Rolling in the Deep de Adele e a cena a ser interpretada é um trecho de quando Psiquê sofre a perda de Eros e decide ir atrás de Afrodite.

Eu o olhei incrédula. Quão incrível poderia ser essa coincidência? Psiquê era minha mestra, uma deusa que já fora humana e que abençoava certos semideuses com poderes psíquicos por saber como era difícil a vida de semideus. Era como se fosse minha santa padroeira.

-V-vou ter de ler baixo... ok? – ele disse ainda gaguejando um pouco.

-Muito obrigada... qual seu nome?

-Alec – ele disse apenas o primeiro nome.

-Obrigada Alec – falei realmente agradecida.

Ele leu o texto e enquanto lia parecia ganhar mais firmeza na voz. Como eu disse, Psiquê dava certas bênçãos, algumas que eu não tinha descoberto ainda. Enquanto Alec falava as palavras entravam em minha mente e ali ficavam gravadas. Memória fotográfica e auditiva. Enfim já sabia todo o texto a ser apresentado, só não sabia como me acalmar. Assisti a todas as apresentações, era a última por ter me inscrito no ultimo minuto. Acredite, ver aquelas pessoas cantando e atuando me fazia tremer por dentro.

-Obrigado pela sua participação – falou Anthony, o diretor do grupo de teatro, a voz dele estava cansada e descrente, a última apresentação fora um desastre – Por favor, Kyra Bellack se apresente.

Levantei um pouco assustada ainda, deixei o meu papel no banco, não precisava dele, segurei meu braço para não mostrar que estava tremendo. Escutei alguns murmúrios de “Princesa Intocável”, aquele apelido tinha pegado mais rápido do que eu tinha entrado na escola. Primeiro tinha de ir até a banda que estava lá e revelar a minha música. O cantor havia sorrido para mim assim que eu me aproximei, disse a música e ele me passou o microfone.

-Boa sorte princesa – ele falou ainda sorrindo.

Tive de sorri por educação, mas ainda estava nervosa. Subi ao palco e olhei para as pessoas. Deixe-me explicar uma coisa. Filhos de Perséfone possuíam uma bela tão rara e encantadora quanto os de Afrodite, talvez por isso essa briga entre os chalés. Era normal as pessoas olhassem para mim, mas devo confessar, nunca me acostumei com isso. Elizabeth estava na segunda fileira, sorrindo divertida com o meu embaraço, ao que parecia ela era filha de Anthony. Damon estava entre os juízes. Ele me olhava diretamente pela primeira vez, os olhos azuis fixados pareciam nem piscar.

A banda começou o toque e eu tentei cantar algo, mas minha mente travou. Estar nervosa também trazia a desvantagem do descontrole psíquico, minha mente foi invadida por pensamentos do tipo: “Ela não vai conseguir, está travada”. Ou ainda o de Elizabeth: “Que grande mico ela está passando, isso vai valer minha tarde inteira!”. Porém, foi uma voz grave e ao mesmo tempo melodiosa que acalmou minha mente: “Acalme-se garota, você vai conseguir, respire fundo... isso, assim mesmo”. Não sabia de quem era aquela voz em minha mente, mas me fez olhar para banda e fazer um sinal para que recomeçasse a música.

Eles tocaram novamente e eu fechei os olhos. Ainda tímida comecei a cantar os primeiros versos da música. Talvez se fosse filha de Apollo ou até mesmo Afrodite não teria tanta dificuldade, eles tinham vozes mágicas. Tentei relaxar e novamente deixar minha mente em paz, não era uma negação cantando, mas quando me acalmava tinha uma voz relativamente boa, suave e no ritmo certo, segundo meu pai uma voz encantadora. Mas aquela música exigia mais do que suavidade, quando o ritmo foi aumentando para o refrão tornei a abrir os olhos e cantei de verdade.

Quando tudo terminou, suspirei aliviada. Mas era apenas a primeira parte. Busquei o olhar de Anthony e ele estava interessado, me olhando por sobre os óculos atento. Fez um sinal para que eu continuasse com a apresentação. Hora da atuação. Essa foi a parte mais fácil. Havia me encontrado com Psiquê apenas uma vez, quando me tornara mentalista, o comportamento delicado e extrovertido dela me veio a mente, assim como o seu jeito triste enquanto me contava a sua história. Consegui imitá-la e como já tinha decorado o texto, pude usar toda a expressão corporal das duas mãos, diferente dos outros que liam ou pescavam o texto.

Os aplausos vieram de todos os lados quando terminei. Sorri um pouco avermelhada, Anthony aplaudia assim como Damon, ele sempre manteve os olhos fixos em mim... bem, igual a todos os outros homens no recinto, quando não estavam olhando para Elizabeth. Ela saiu dali irritada, como se tivesse sido derrotada de alguma forma. Meu ego ficou melhor pensando que foi por causa disso. Quando desci do palco apenas fui dar as informações necessárias, tentei sumir o mais rápido possível dali, mas quando já estava saindo do auditório uma mão forte segurou meu braço.

-Espere.

Era aquela voz. A voz que me acalmou quando escutei os pensamentos. Quando me virei... Se não estivesse concentrada, meu queixo teria caído ao ver Damon Cavallari. Fora ele que tinha me acalmado? O garoto soltou meu braço e afastou um pouco, dando um daqueles sorrisos de lado encantadores.

-Foi muito bem, sei que irá passar – ele falou confiante – Sou bom em saber quando Anthony gosta de algo.

-Espero que sim – murmurei e comecei a me afastar – eu tenho de ir.

-Está indo para casa? Podemos ir juntos, já que moramos na mesma rua – ele insistiu já pondo a mochila no ombro.

Minha vontade era dizer que não, ainda estava sobre o efeito da adrenalina. Mas minha mente geralmente funcionava bem. Era uma boa chance de me aproximar dele, afinal tinha de protegê-lo por um tempo indeterminado. Respirei fundo e aceitei com um aceno de cabeça, me virando e começando a andar sem esperá-lo, ele que me acompanhasse.

-Não parece ser daqui – Damon argumentou acompanhando meu passo.

-Sou de Chicago – respondi simplesmente.

Saímos da McGold chamando a atenção. Era o ator principal com a princesa intocável. Cruzei os braços para me concentrar na situação e ler a mente do garoto. “Ela é diferente”. O olhei um tanto surpresa e ele me olhou de volta meio desconfiado por instinto, mas logo ele sorria novamente, um sorriso que fazia metade das garotas da escola suspirar.

-E você? Nasceu aqui? – perguntei para fazê-lo parar de sorrir, era perturbador demais.

-Não, meu pai era italiano, minha mãe uma nova-iorquina. Vim para Miami quando tinha 10 anos – Damon explicou pondo as mãos dentro do bolso.

-E o lance do teatro? Faz porque gosta? – perguntei por perguntar.

Ele ficara sério. “Se todos soubessem...”, ele pensou. Mas novamente ele sorria como auto-defesa.

-Vou ser ator – ele respondeu.

Chegamos enfrente de minha casa. Ele encostou-se ao cercado enquanto eu abria o portão. Deméter poderia ter produzido um garoto menos bonito que não fosse me deixar nervosa. Não ficava muito tempo com homens, passava 80% do meu tempo correndo, os outros 20% batalhando.

-Está me perseguindo, Kyra? – Damon perguntou do nada.

Olhei para ele chocada. Como ele havia descoberto?! Mas ele apenas riu, uma risada grossa e forte, mas ao mesmo tempo gostosa. Espera, desde quando eu classificava uma risada como gostosa?

-Mora de frente para minha casa, pega todas as aulas comigo e fará parte do grupo de teatro – ele explicou.

-Dei azar – falei em tom de brincadeira, aliviada – Ou então serei morta por algum membro do seu fã club.

-Elas são terríveis, eu sei – ele fez uma careta divertida – Semestre passado uma garota conseguiu invadir a república e ficou me esperando no meu quarto. Nua.

Não consegui evitar o riso depois de imaginar a cena. Consegui abrir o portão e o empurrei. Damon me olhava entre sério e um meio sorriso nos lábios. Ele ia falar alguma coisa quando eu senti um frio profundo na espinha. Olhei por sobre o ombro de Damon e o vi. Meu coração disparou, era um vulto em uma capa totalmente negra. Era o monstro dos meus pesadelos. Droga, o haviam achado!

-O que foi? – Damon o olhou por sobre o ombro.

O olhei assustada mas quando tornei a procurar o vulto, ele tinha sumido. O haviam achado. Damon voltou a me olhar interrogativo e dei de ombros. Acenei e entrei na casa a passos rápidos, mal me despedindo dele. Fui direto para o meu quarto pegar minhas armas. Iria fazer uma patrulha e vigiar Damon durante toda a noite. Na escuridão poderia me esconder facilmente e manter a guarda dele. Eu não entendia muita coisa do que estava acontecendo, mas tinha certeza apenas de uma coisa. Damon corria ainda mais perigo, aquilo o havia encontrado.
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