♥ Local Público - Beira Mar ♥

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A resposta dele fez meu rosto torna-se avermelhado de forma suave, talvez não pelo que ele disse, mas sim pela minha aceitação e vontade de que ele tivesse feito o que planejara. Allun dissera que queria minha presença... o que me fazia indagar se ele não sentia o mesmo que eu. Exatamente aquela confusão dentro do peito sem explicação. O olhei tentando pensar em uma resposta, ou sobreviver ao tons claros dos olhos dele e não me afogar na imensidão. Era difícil, qualquer garota que se desse o prazer de olhá-lo se sentiria da mesma forma... Mas eu não queria que outras olhassem para ele, que se perdessem naqueles olhos, não queria! Voltei a olhar para o mar, dando graças aos deuses pelo fato dele não ler minha mente, ou lá sabe Zeus o que poderia ter acontecido. Porém, foi a vista da imensidão azul do mar que eu tive uma ideia. Levantei soltando a mão dele, era perigoso ficar em contato com ele, apesar de sentir falta do calor que vinha da palma da mão de Allun.

-Vamos para o mar? Até mesmo porque para ter esse tipo de respiração você teria de ter estado na água antes, não?

Talvez o que tenha dito não fora o mais certo, mas era o que eu queria. No mar, quem sabe, poderia me distrair um pouco e não ficar tão ligada nele. Era errado não? Sentir essas coisas pelo irmão. Mas ao mesmo tempo parecia tão inevitável... Decidida, comecei a abrir meu vestido e depois o deixei cair na fina areia branca, a peguei e deixei perto da camisa de Allun, junto com minha bolsa. Ficara usando apenas o biquíni que coloquei, azul e de laço. Ajeitei meu cabelo e comecei a ir para o mar, olhando por sobre o ombro procurando por Allun para ver se me seguia. Não notei os coqueiros ou a vegetação atrás dele, ou as outras poucas pessoas na praia. Apenas a ele. Balançando minha cabeça de leve, tentando manter o foco, retornei o caminho para o mar. A água morna beijou minha pele com suas ondas que iam até minha coxa, arrisquei um mergulho. Quem sabe assim poderia clarear um pouco a mente?

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Emergir da água buscando ar para meus pulmões. Ajeitei meu cabelo molhado pela água salina e busquei Allun para ter certeza que ele vinha... E ele veio. Estava mergulhando naquele momento, me dando a visão de seu peitoral definido. Ele mergulhou e desapareceu debaixo da água, o que me deu tempo de jogar água na cara e olhar para o céu envermelhado. "Acalme-se Alexia Sinclair". Procurei pela praia por sinal de outras pessoas, mas não havia nenhuma outra alma além de nós. Parecia que estávamos sozinhos... Ainda não decidi se isso era bom ou ruim. Esperei que ele emergisse também para poder me aproximar dele, não demais... ok, só um pouco mais próximo, queria poder olhar nos olhos dele, o que não devia. Aquele azul dos olhos deles se tornavam ainda mais claros por causa da água. Encantadores, hipnotizadores.

Ele queria algo, algo que se aproximava bastante do que eu queria. Eu podia sentir isso de todos os modos, do jeito que me olhava, do jeito como ele se sentia. Mas... era errado, proibido. Não menos intenso ou perturbador. O que fazer? Antes enfrentar uma missão, era mais fácil do que essa situação em que eu queria o meu irmão de uma forma indevida, mas queria. Foi quando um pensamento veio em minha mente, eu realmente não sabia tudo sobre ele... Se havia outra garota na vida dele, por exemplo, ou garotas, no plural. Ele não parecia ser do tipo que sai atrás de várias, mas da mesma forma precisava descobrir. Talvez fosse um ciúme... de irmãos? Ah, a quem eu queria enganar mesmo?

-Hm... então mano, como vai as garotas? Você deve ter um tipo de fã club que nem aqueles filmes colegiais da Disney - e por fim, eu tinha perguntado, cheia de dúvidas com uma dose de ciúmes.

Ninguém estava ali além dele, ninguém para atrapalhar o que eu sabia desde que me aproximara dele iria acontecer. Allun pronunciou meu nome, um chamado que me fez arrepiar, adorava o tom que ficava meu nome naquele timbre baixo e forte ao mesmo tempo. Ele aproximou pouco a pouco, em um canto da minha mente sabia que deveria afastar, dizer que era errado para ele... Mas como algo que eu queria tanto poderia ser tão errado? Eu não encontrava mais sentido em dizer não para algo que almejava como uma necessidade. Não afastei um centímetro do lugar, deixando que ele se aproximasse cada vez mais fazendo meu coração saltar para a boca.

Ele se aproximou o suficiente para que eu sentisse o calor de seu corpo, a respiração sobre minha pele. Me sentia atraída como o polo oposto do imã dele. Era algo que nunca sentira antes, como dissera nunca quis outro homem. Mas queria o meu irmão em uma intensidade que não poderia ser posta em palavras. Minha respiração acelerou quando os lábios dele se juntaram aos meus. Um beijo proibido. Fechei os olhos aos poucos, sabendo que ele esperava pela minha reação e mesmo assim movia os lábios sobre os meus querendo aproveitar o quanto podia. Suspirei suavemente antes de passar a retribuir o beijo, dando o ultimo passo para ter meu corpo completamente colado ao dele e sentir estremecer ao poder sentir minha pele contra a dele. Nada mais importou ou pareceu existir, sabia que o beijo ainda era simples, que apenas movia minha boca sobre a dele, mas como podia ser tão inebriante? Levei meus braços ao pescoço dele, o envolvendo em um abraço para me manter sempre junta a ele.

Estava beijando o meu próprio irmão, um beijo proibido que me fez esquecer do mundo ao meu redor.

Era o momento mais proibido de minha vida, mas também o mais delicioso. A boca dele tinha um sabor singular que me encantava e fazia retribuir o beijo dele e facilitar a invasão da língua de Allun em minha boca. O beijo tornara-se mais íntimo, mas ainda naquele ritmo lento. Meu corpo todo arrepiou e estremeceu quando entrelacei nossas línguas e a envolvi. Estava completamente perdida nele, sentindo seu cheiro, seu sabor, o calor que vinha do corpo forte que tinha colado ao meu. Minha mente estava pela primeira vez depois de virar mentalista... em paz. Um momento em que nada a invadia, em que eu mal conseguia pensar direito. Apenas sentir. Ah como eu sentia! Podia sentir o coração dele batendo tão rápido como o meu, o que ele estava sentindo sendo tão próximo do que eu sentia. Allun sabia que era errado mas mesmo assim me abraçava ainda mais forte, me mantendo entre seus braços definidos.

Nada mais importava além dele. Nada mais fazia sentido a não ser aquele momento. Não percebi quando passei a beijá-lo de forma mais intensa, em um ritmo levemente mais rápido, meus lábios pareciam ter vontade própria e eles almejavam a ele. Deslizei minha mão para o pescoço dele onde acariciei de leve enquanto a minha esquerda descia para o tórax de Allun, onde pude sentir o coração dele batendo sobre minha palma. Ah deuses, essa era a coisa mais errada e gostosa que já tinha feito e que minha mãe me matasse, mas tornaria a repeti-la sempre que possível.

Recentemente minha vida estava um tédio ... Sim, um tédio. Nada para cortar, nenhum irmão presente, nem meu pai. Todos ocupados. Só eu, sozinha. O Submundo estava tão ... chato. Os filhos de Perséfone estavam lindos, como sempre. Às vezes ia até lá só para ver algumas garotas e garotos. Já tinha tempo que eu estava no Acampamento, a saudade que eu sentia de minha mãe era imensa. É claro, minha infância foi estragada. Ainda mais, por conviver com um estorvo dentro da minha cabeça. Nem ela me dava atenção. Pandora, ela se auto-nomeara. Ela dizia que combinava com ela. Maligna, presunçosa, era totalmente o contrário de mim. Eu era boba, idiota. O dia estava quente, eu quase estava xingando Apollo por isso. Coloquei uma regata e um short jeans, junto com um par de havaianas e fui para a praia.

A areia estava quente, queimava meus pés sobre os chinelos. Uma garota estava sentada no chão, encostada em um coqueiro. Não deixei de pensar besteira, já que levava tudo na maldade. Fui correndo até ela e parei em sua frente, apoiando meus joelhos no chão e a observando atentamente, sem piscar e sem dizer uma palavra.

O beijo se prolongou o suficiente para me fazer ir as alturas. Quando Allun separou os lábios quase protestei, precisei morder o lábio inferior para não dizer nada depois do selinho que ele me dera. E agora? Já tínhamos feito algo errado... nada poderia mudar o beijo que trocamos ou apagar de minha memória. Um pensamento passou por mim. Eu poderia apagar a dele e deixar que esse momento se fosse... E então percebi que não teria coragem nenhuma, o simples pensamento disse fez com que todo meu corpo gelasse por um instante. Não queria que ele esquecesse, não queria que ele me deixasse. Já não podia calcular o sofrimento que iria sentir se isso acontecesse. O segurei mais firme, momentaneamente medrosa pelo que ele iria dizer depois do beijo.

Mas então ele sorriu fazendo-me derreter quase que instantaneamente. Era tão lindo aquele sorriso e agora sabia como era gostosa aquela boca. Allun fez o convite, mais beijos, ficar perto dele. Era tudo o que eu queria ouvir. Pude sentir os dedos dele em minhas costas nua, já que usava apenas um biquíni, me arrepiando por inteiro. Porém, antes de poder responder, algo atingiu minha mente em cheio já que a deixei livre para poder escutar os pensamentos de Allun. Duas pessoas chegaram na praia. Primeiro veio o medo de que talvez pudesse ser pega, depois o pânico de ter de separar-me dele para só então tentar pensar em uma saída. Isso tudo aconteceu em questão de segundos, por uma grande sorte, ele estava de costas para praia e eu escondida por aquele corpo.

-Não olhe para trás, chegaram duas meninas na praia - falei em um tom baixo e olhei por sobre o ombro dele - Ah shit, uma é filha de Hades, já a vi lá embaixo - mordi o canto do lábio pensativa o fitando - podemos ir mais para o fundo, a essa distância elas não nos reconheceria, seríamos apenas um... um... casal se beijando e... Deuses Allun, isso é errado, é loucura! - mas assim que terminei de me perder nos olhos dele, apenas suspirei - Mas uma loucura que eu quero... muito... Vamos para o fundo? Depois... bem depois... conversamos.

"Desde quando o amor é errado, em?"

Isso ficou em minha cabeça, disparou meu coração e tudo o resto voltou a deixar de existir. O que importava era ele e apenas o amor. Sim, amor. Era essa a palavra certa, a que eu buscava e que me deixava confusa por não saber antes o que era. Eu amava meu irmão, não um amor de família, mas um amor que uma mulher tinha para com um homem, um forte e poderoso que me fazia quebrar todas as barreiras morais e querer beijá-lo cada vez mais. Queria ser um casal com ele, não apenas mais uma das inúmeras irmãs que ele tinha. Pude ouvir os pensamentos dele, isso me fez apenas sorrir mais e ficar levemente corada, entrelacei os meus dedos nos dele e andei ao lado dele. A cada passo que eu dava eu tinha mais certeza do que eu queria, assim como tinha certeza que era errado... Mas de que importava se eu o amava?

-Allun... - chamei enquanto caminhava, a água subindo cada vez mais cobrindo o meu corpo, ótimo, as garotas da praia não poderiam mesmo nos reconhecer - Eu também não quero me afastar de você. Mesmo se quisesse... não conseguiria.

Parei quando a água já batia um pouco abaixo de meu ombro, ele como era mais alto a água atingia um ponto mais baixo. Fiquei na frente dele, o olhando nos olhos. Mordi o canto do lábio tentando concentrar-me no que iria dizer, o segurei nos braços e não pude deixar de mover as mãos levemente em uma carícia, meu peito encheu-se de ar tomando coragem e por fim disse:

-Nós nos amamos. Não como irmãos ou não teríamos esse desejo... E eu sei que você me ama Allun, sinto isso e bem... Coisa de mentalista, eu sinto o que você sente e posso dizer que a mesma coisa que eu sinto, em perfeita sintonia e harmonia. Eu nunca me apaixonei antes e tenho um pouco de medo, mas com você, mesmo sendo meu irmão... Ah Allun, eu quero mesmo tentar, quero ser sua namorada e de nenhum outro.

Senti meu rosto corar fortemente depois daquela declaração. Mas já havia feito, não tinha como voltar atrás ou estaria mentindo, com o coração disparado, restava apenas saber a resposta dele.