Treinos do Haz

O dia no acampamento era calmo. Todos realizavam suas atividades normais de treinamento como, sem duvida escalar um muro em chamas já não era nada de mais, então muitos apenas passeavam, conversavam ou batalhavam na arena e outros como eu ficavam apenas sentando a frente do lago observando as lindas ninfas da água, sem duvida uma das melhores vistas do acampamento, só perdendo para o desfile de moda das filhas de Afrodite.

Meu aspecto era calmo e tranqüilo, mas isso não costuma a durar tanto, pois sempre havia algo que me fizesse deixar a tranqüilidade e batalhar por minha vida, algo muito freqüente desde que minha mãe, Íris me reclamou. Suspirei devagar olhando para lago, pois eu saberia que logo excessivos treinamentos logo começariam, eu sem duvida não queria praticar hoje, mas não era uma escolha, pois nós meio-sangues temos que ser fortes para sobrevivermos, pois nossa vida é um campo de batalha, onde só tem a vitoria quem morre por ultimo e felizmente eu havia resistido a muitos ataques.

Meu dia continuou calmo até que senti uma mão me puxando pelo ombro. Quase que imediatamente pulei e como sacar o arco não seria uma ideia muito boa, pois demoraria certo tempo saquei a minha adaga e me preparei para partir em um ataque, mas quando me virei parei, pois o ser que estava atrás de mim era nada mais, nada menos que Quiron. Ele já havia me encontrado? Pelo jeito sim e isso significaria mais treino. Quiron sorriu e disse:

- Já está na hora do treinamento, Haz. Vá para a arena imediatamente. Haverá uma surpresa para um campista preguiçoso como você.

Sorri e fui em direção a arena. Aquele centauro era realmente chato, o que ele tem contra descansar um pouco? Eu sem duvida estava cansado de tantos treinamentos para tentar evitar uma coisa que era quase inevitável para um meio-sangue a morte! Sim, a maioria dos meio-sangues morre mesmo com todo esse treinamento e se eu iria morrer para que treinar tanto? Sem duvida eu já havia me cansado disso, mas fazer o que essa era a vida.

Cheguei à arena, eu usava a camisa laranja do acampamento e meu Jens azul, mas isso não me impedia de chamar a atenção de algumas filhas de Afrodite sentadas observando os musculosos filhos de Ares se massacrando. Meu arco e minha aljava estavam presos em minhas costas como de costume. Meus se mantinha tão reluzente quanto o arco- Iris e meus cabelos tão bagunçados quanto meu beliche, que se localizava em meu chalé. Suspirei e procurei Quiron.

Sem duvida Quiron devia ser muito bom em se esconder, pois demorou realmente muito para achá-lo, até que avistei uma figura metade cavalo e metade humana no canto da arena com um caixa imensa a sua frente, sem duvida era Quiron. Aproximei-me dele.


- Olá, Quiron. Isso é a surpresa? Se for vamos logo com isso, pois o que eu estava fazendo é realmente bem mais interessante.

Quiron sorriu e disse:

- Você vai gostar disso pode ter certeza, ainda mais, pois você terá que simplesmente sobreviver. Boa sorte.

Quiron mais que imediatamente se afastou trotando com uma expressão de pânico, realmente ele era um medroso. A caixa gigante começou a tremer e eu sabia que o que fosse que estava dentro dela logo iria sair. Afastei-me bastante com varias saltos. Quando eu estava em uma distancia segura retirei meu arco de ouro e uma flecha da aljava. Coloquei a flecha no cordel, puxei o cordel até meu ombro, sempre mantendo a arco ao lado do meu corpo e cerrei meu olho esquerdo para ter uma precisão melhor, embora isso nunca fosse comprovado pela ciência eu preferia assim.

A caixa tremeu mais um pouco até que foi destroçada e um ser saiu de dentro. A criatura possuía um corpo humanóide que se conectava a um corpo quadrúpede de um lagarto, possuía cabeça de dragão, escamas multicoloridas por todo o corpo, me fazendo assim não identificar uma cor correta e por fim a criatura possuía uma lança gigante, sem duvida perto daquela criatura eu não era nada mais, nada menos que uma formiga, pois ele possuía aproximadamente uns 15 metros. A criatura olhou para mim com a boca aberta, mostrando todos seus dentes amarelos e afiados, como de tubarões, sem duvida ele logo partiria para o um ataque.

Sorri ao ver que esta seria uma grande batalha. Fitei o monstro até que minha visão ficou avermelhada, mostrando assim minha fúria. Puxei o cordel e disparei a flecha na direção do monstro, repeti esse movimento dez vezes tentando acabar logo com esta criatura bizarra. A criatura perversa mostrou-se um bom oponente e apenas ao girar sua lança bloqueou diversas flechas, mas não deteve duas que fincaram em seu corpo, mas nada tão forte, pois minhas flechas pareciam apenas palitos de dente em relação à criatura.

A criatura não demorou muito e partiu em minha direção. Pulei diversas vezes para trás e lancei flechas em direção a cabeça da criatura tentando retardá-la ou até mesmo impedir o ataque, mas nada parecia adiantar contra aquele monstro, pois ele continuou em minha direção. Quando ele chegou bem perto subiu a lança e desceu a ponta em minha direção, mas não era uma ponta e sim uma lamina imensamente maior que eu. Asas douradas rasgaram minha camisa e vieram à tona. Bati-as e com um pequeno vôo desviei parcialmente do ataque do gigante, pois uma parte da ponta rapou em minha perna e me causou um grande corte, pois a ponta era gigante.

Minha perna estava dolorida e havia algo pior, pois minhas asas tinham um efeito colateral e eu não podia as manter muito tempo, mas também eu não podia andar. O monstro desferiu outro ataque, mas desta vez eu fui mais rápido e voei rápido o suficiente para esquivar. Tentei sacar uma flecha, mas o monstro foi mais forte e me lançou com um tapa. O impacto me lançou com muita força em direção a um arvore.

O vento batia violentamente em meu rosto e sem duvida o impacto seria cruel, eu tinha que diminuir o impacto, mas como? Esperei até o momento certo e abri minhas asas e as bati para minimizar a velocidade, assim o impacto não seria lá grandes coisas. Saquei uma flecha e com o mesmo movimento com o arco anterior, disparei uma flecha certeira no olho direito do monstro. Ele grunhiu de dor e levou uma das mãos ao olho enquanto praguejava em grego antigo.

Bati na arvore, mas mesmo com o impacto reduzido eu calculei errado, pois o impacto foi forte. Minha visão ficou turva por um tempo e eu sentia muita dor em minha costela, eu poderia ter deslocado um ou pior quebrado. Guardei as asas um pouco antes do impacto, assim minha asa ainda estava inteira, mas eu não poderia usar ela novamente, pois isso seria suicídio. O monstro não demorou muito e se preparou para outro ataque.

O monstro com um de seus olhos fechados bateu com sua lança em uma arvore que voou em minha direção. A arvore era grande e possivelmente me esmagaria e como eu não podia andar eu não teria outra chance a não ser usar minhas asas. Minhas asas apareceram novamente e com elas desviei de arvore voando alguns metros, mas não parou por ai, pois ele repetiu o mesmo movimento, desviei, mas a arvore pegou de raspão e me derrubou do ar, assim me deixando alguns metros do meu arco.

Meu traseiro estava doendo e sem duvida se essa batalha continuasse assim eu iria morrer para a felicidade de Quiron que planejou isso. Arrastei-me em direção ao meu arco, até que consegui pega-lo. O monstro partiu novamente em minha direção com a lança. Preparei logo a flecha e sentindo minha visão avermelhada novamente disparei varias flechas na direção do monstro, mas ele nem se quer diminuiu a velocidade dele e continuou. Ele era rápido e sem duvida eu não resistiria a outro ataque dele. Eu me preparei para morrer como um guerreiro, mas algo aconteceu e um brilho tomou o local.

Uma esfera de luz semelhante ao sol apareceu e interrompeu o ataque do monstro. Um tempo depois diversas flechas atravessaram o campo em direção ao monstro, era Quiron que sorria e um filho de Apolo. Desmaiei.